Acordo UE-Mercosul: o que está em jogo para quem apoia e para quem resiste?

  • 03/09/2025
(Foto: Reprodução)
Representantes do Mercosul discutem políticas de cesso à terra em Manaus Depois de 25 anos de negociações, a Comissão Europeia apresentou nesta quarta-feira (3) o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, que agora será analisado pelo Parlamento e pelos países que compõem o bloco. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Ainda assim, Leonardo Munhoz, pesquisador e professor da FGV-Agro, explica que o texto não encerra o processo: "ele é apenas a proposta oficial". Para entrar em vigor, o acordo precisa ser aprovado na União Europeia, o que requer votação no Parlamento Europeu e apoio de uma maioria qualificada — pelo menos 15 dos 27 países, representando 65% da população do bloco. “Só com a aprovação dessas duas instâncias o acordo poderá entrar em vigor de forma plena”, afirma Munhoz. A proposta, no entanto, tem gerado divergências entre os membros. De um lado, há países que enxergam no acordo uma chance de ampliar suas exportações e reduzir a dependência de parceiros estratégicos. Do outro, estão aqueles que temem prejuízos em setores sensíveis da economia, especialmente diante da forte concorrência vinda da América do Sul. Veja abaixo as divergências entre os países-membros. Quais países são a favor? A Comissão Europeia, além de países como Alemanha e Espanha, defendem que o acordo com o Mercosul pode compensar perdas comerciais provocadas pelas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde a reeleição de Trump, em novembro do ano passado, a UE intensificou a busca por novas alianças comerciais, acelerando negociações com Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos e reforçando os laços com parceiros já existentes, como Reino Unido, Canadá e Japão. Para os defensores do acordo, o Mercosul representa um mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos europeus, além de ser uma fonte confiável de minerais essenciais para a transição energética, como o lítio usado em baterias, atualmente fornecido sobretudo pela China. Também destacam os ganhos para o setor agrícola, já que o acordo garantiria maior acesso e tarifas reduzidas para produtos como queijos, presunto e vinhos europeus. Além disso, os países que apoiam a proposta veem no tratado uma forma de reduzir a dependência europeia da China, principalmente no fornecimento de minerais estratégicos. Quais países são contra o acordo? A França está entre os países que há anos se opõem ao acordo. Como um dos maiores produtores agrícolas da União Europeia, teme perder espaço diante da forte concorrência dos exportadores sul-americanos de grãos e alimentos. A Polônia e a Itália também declararam oposição ao acordo. Agricultores europeus já protestaram diversas vezes, alegando que o acordo abriria caminho para importações baratas de commodities sul-americanas, sobretudo carne bovina, que não seguiriam os padrões de segurança alimentar e ambiental da UE. A Comissão, porém, nega essa possibilidade. Organizações ambientalistas europeias também rejeitam o acordo. A Friends of the Earth chegou a classificá-lo como um tratado “destruidor do clima”. Esses grupos esperam que o acordo seja barrado, seja no Parlamento — onde os Verdes e a extrema direita se opõem —, seja pelos governos da UE, que poderiam não alcançar a maioria caso Polônia e Itália se unam à França na rejeição. Mesmo dentro do Mercosul, o acordo gera controvérsias. Apesar dos possíveis benefícios, especialistas alertam que o bloco sul-americano pode sofrer impactos com a concorrência europeia. Como ficou o texto final? Leonardo Munhoz avalia que o texto apresentado tentou equilibrar os interesses de críticos e defensores do acordo entre União Europeia e Mercosul, propondo uma abertura comercial, proteção do setor agrícola europeu e maior exigência ambiental nas cadeias de produção. “É também uma sinalização de que a Europa não pode ficar parada diante de uma nova corrida global por mercados e cadeias de suprimento.” O professor da FGV-Agro destaca que o texto inclui um pacote de salvaguardas agrícolas proposto pela Comissão — com limites para cotas de carne bovina e aves, um “freio de emergência” que permite suspender benefícios em caso de desequilíbrio de mercado e o reforço de fundos de apoio ao agricultor europeu. Com isso, o governo francês deu sinais de estar mais aberto à aprovação do texto final. E o Brasil? Do ponto de vista do Mercosul, o pesquisador da FGV destaca que o Brasil exerce um papel central no acordo. Ele ressalta que a Comissão Europeia tem enfatizado a conformidade ambiental das cadeias de produção agropecuária como um dos pilares para viabilizar o acordo. Isso significa que o país precisa demonstrar capacidade de manter uma produção sustentável, com menos desmatamento e mais rastreabilidade, já que a UE busca alinhar padrões de pesticidas, bem-estar animal e reforçar o controle sobre importações. “Se o Brasil conseguir dar respostas concretas nesse sentido, não só facilita a ratificação do acordo, como também reforça a competitividade da agropecuária brasileira em um mercado que cada vez mais exige comprovação ambiental”, diz Leonardo Munhoz. Lula e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, durante o G20 no Rio Presidência da República via Reuters * Com informações da agência Reuters

FONTE: https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/09/03/acordo-com-o-mercosul-o-que-esta-em-jogo-para-quem-apoia-e-para-quem-resiste.ghtml


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